[Lisboa] – A reunião final do Conselho Executivo do Comité Olímpico Internacional finalizou ontem, sem que tenha havido progresso face às preocupações levantadas por Tibetanos e seus apoiantes, relativamente à ausência de liberdade de imprensa no Tibete e às repercussões negativas de levar a tocha Olímpica por áreas Tibetanas.
A tocha tem a sua entrada no Tibete agendada para 11 de Junho; aos jornalistas foi negado o acesso às áreas Tibetanas, desde finais de Março. Grupos de Apoio ao Tibete alertaram o COI, durante a sua reunião em Atenas, expressando a preocupação de que a passagem da tocha encorajaria acrescida repressão sobre os Tibetanos, por parte das autoridades Chinesas.
"Estamos chocados que o COI insista cegamente em ostentar a tocha Olímpica pelo Tibete, numa altura em que se encontra sob tamanha tensão e em que nem aos jornalistas é dado acesso livre de modo a que vejam o que está realmente a acontecer" afirma Paulo Borges. "Ao falhar na eliminação da passagem da tocha pelo Tibete, o COI está a apoiar a repressão e censura à Imprensa empreendida pelo governo Chinês, assim como a permitir que as autoridades Chinesas actuem com brutalidade, num esforço desesperado para manterem o percurso da tocha Olímpica livre de protestos."
A situação no Tibete continua bastante crítica na medida em que os protestos continuam, milhares de Tibetanos continuam detidos ou desaparecidos em resultado da repressão que varreu o Tibete desde Março. Os Tibetanos são submetidos a intimidações e supressão de liberdades religiosas, entre outras, enquanto as autoridades Chinesas prosseguem buscas casa a casa, detenções, campanhas de "reeducação patriótica", forçando os Tibetanos a manifestarem outras formas de "patriotismo."
Recentemente, a 28 de Maio, três monjas foram detidas e uma manifestante de 21 anos foi alvejada por forças de segurança Chinesas, na região Tibetana oriental, na sequência de pelo menos seis protestos realizados por monjas na mesma área ao longo do mês de Maio e que resultaram em mais de 80 detenções.
"É vergonhoso que o COI autorize que a tocha Olímpica – um símbolo que supostamente pertence aos povos do mundo – seja levada pelo Tibete, sem que imponha liberdade de imprensa", afirma Paulo Borges. "A tocha Olímpica deste ano representa, para o povo Tibetano, sofrimento e derrame de sangue e é vergonhoso que o COI pareça querer, tal como o governo Chinês, esconder o que neste momento está a acontecer no Tibete do resto do mundo, ao não exigir um acesso à região sem restrições para os jornalistas."
Tibetanos e apoiantes em todo o mundo têm pressionado os 15 membros individuais do Conselho Executivo do COI de modo a que este retire a autorização de passagem da tocha Olímpica pelo Tibete ao Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim.A tocha tem chegada prevista a Gyalthang em 11 de Junho, na província Yunnan, área Tibetana do Kham, e posteriormente, em 18 ou 19 e até 23 de Junho, tem passagem prevista por Lhasa e cidades da área Tibetana do Amdo, actualmente Qinghai.
Grupo de Apoio ao Tibete