O Prémio Sakharov 2008 para a liberdade de pensamento foi atribuído ao dissidente chinês Hu Jia, apesar das pressões exercidas por Pequim sobre os eurodeputados.
O Governo chinês já reagiu considerando que a atribuição do prémio "a um criminoso" é "uma ingerência nos assuntos internos da China".
O Parlamento Europeu atribuiu o Prémio Sakharov 2008 a Hu Jia "em nome dos sem voz na China e no Tibete", anunciou o presidente Hans-Gert Pottering, em sessão plenária hoje em Estrasburgo.
"O Parlamento Europeu rende assim homenagem ao combate diário pela liberdade de todos os defensores dos Direitos do Homem na China", sublinhou Pottering.
Activista dos direitos humanos e das vítimas do vírus da Sida, Hu Jia foi condenado a três anos e meio de prisão a 3 de Abril último por "incitar à subversão contra o governo chinês".
Formado em engenharia de informação pela Escola de Economia de Pequim, Hu Jia, 35 anos, tem-se destacado pelas suas tomadas de posição a favor dos direitos políticos, do ambiente e dos doentes com Sida.
Governo chinês considera Hu Jia "um criminoso"
"Opomo-nos à ingerência nos assuntos internos de outros países a pretexto dos direitos humanos", disse ao princípio da tarde de hoje (hora local) um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Questionado sobre a eventual atribuição do Prémio Sakharov a Hu Jia o mesmo porta-voz, Qin Gang, afirmou: "É um criminoso, condenado por subversão".
Quando o seu nome foi citado, no início de Outubro, como um dos possíveis vencedores do Prémio Nobel da Paz, Pequim considerou que uma atribuição do Nobel a Hu Jia seria uma ingerência nos seus assuntos judiciários.
Ao longo dos últimos dias, os representantes do governo chinês exerceram várias pressões sobre os eurodeputados para evitar que o Prémio Sakharov 2008 fosse entregue ao dissidente.
Numa carta de 16 de Outubro endereçada a Poettering, da qual a agência noticiosa francesa AFP obteve uma cópia, o embaixador da China junto da União Europeia, Song Zhe, advertiu que "se o Parlamento Europeu atribuísse este prémio a Hu Jia, isso atingiria inevitalmente o povo chinês e significaria uma deterioração das relações entre a China e a UE".
Song Zhe considerou ainda que "não reconhecer os progressos da China em matéria de direitos humanos e insistir no confronto só vai aprofundar a incompreensão" entre a China e a UE.
Prémio Sakharov entregue a 17 de Dezembro.
Além de Hu Jia, o opositor bielorrusso Alexandre Kozulin e o abade congolês Apollinaire Malu Malu eram favoritos à atribuição do prémio Sakharov 2008.
Este prémio, entregue pelo Parlamento Europeu, recompensa há 20 anos personalidades que se distinguiram na defesa dos direitos humanos.
A entrega do prémio decorre numa cerimónia solene em Estrasburgo a 17 de Dezembro, durante a sessão do Parlamento que, este ano, celebra também os 20 anos do Sakharov, na presença dos anteriores laureados como o antigo presidente da África do Sul Nelson Mandela, a militante birmanesa Aung San Suu Kyi e o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.
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