[informação actualizada a 26 de Novembro de 2008]
Estamos a dar prioridade aos casos de seis actuais prisioneiros políticos. Foram detidos por uma vasta variedade de razões: por documentar opiniões de Tibetanos no Tibete, China e do Dalai Lama (Dhondup Wangchen), por escrever (Rangjung), por defender a cultura, as instituições sociais e a protecção ambiental Tibetanas (Tenzin Delek Rinpoche), por falar sobre a tortura e maus tratos (Jigme Guri), e por contestar as políticas Chinesas no Tibete e invocar o regresso do Dalai Lama (Sangye Lhamo e Runggye Adak).
Dhondup Wangchen é o produtor de Leaving Fear Behind (Deixar o Medo Para Trás), um documentário notável que dá um raro relance aos pensamentos, sentimentos e lutas dos Tibetanos a viver sob a ocupação. A película foi retirada do Tibete no início de Março de 2008. Dhondup e o seu cameraman, Jigme Gyatso tinham perfeita consciência dos riscos que correram ao não esconder as suas identidades, mas queriam exprimir-se abertamente sobre a situação no Tibete. Para que o filme fosse feito, o medo tinha mesmo que ser posto de lado. Dhondup Wangchen foi detido a 26 de Março de 2008 em Siling, no Tibete oriental (Xining, província de Qinghai). Jigme Gyatso também foi detido em fins de Março de 2008 mas liberto “temporariamente” em Outubro de 2008. Dhondup Wangchen está detido sem acusação no Centro de Detenção de Ershilipu na cidade de Xining Kachu (Linxia, província de Gansu). Wangchen nasceu a 17 de Outubro de 1974 em Hualong, Haidong, província de Qinghai.
Nas suas próprias palavras:
Numa altura de grande dificuldade e de um sentimento de abandono, [a ideia do nosso filme é] ter respostas e resultados com algum significado. É muito difícil [para os Tibetanos] ir a Pequim e exprimirem-se lá. Assim é por isso que decidimos mostrar os verdadeiros sentimentos dos Tibetanos dentro do Tibete através deste filme.
Actualmente, a China tem declarado que está a preservar e a melhorar a cultura e idioma Tibetanos. É isso que estão a dizer ao mundo. Muitas organizações e empresas foram preparadas para estas coisas. O que eles dizem e o que eles fazem é totalmente diferente, opostos. Se realmente querem preservar e melhorar a cultura e idioma Tibetanos no Tibete devem retirar os Chineses que vivem em zonas Tibetanas. A cultura e idioma Tibetanos têm que ser praticados em todas as zonas Tibetanas. Se não for praticado como pode ser preservado?
Para mais informação, veja:
- www.studentsforafreetibet.org/downloads/LFBFilmmakers.pdf
- http://www.savetibet.org/news/newsitem.php?id=1388 (ver fim)
Jigme Guri (também conhecido como Jigme Gyatso), 42 anos, é um monge no Mosteiro de Labrang em Amdo (Província de Gansu). Ele não participou nos grandes protestos em Labrang em Março de 2008, mas foi detido pelas autoridades a 22 de Março. Depois da sua libertação e dois meses no hospital, ele fez uma notável e incrivelmente corajosa declaração em vídeo para Voice of America (A Voz da América), na qual mostrou a sua cara e disse o seu nome completo.
Esta declaração, inicialmente emitida na VOA em Setembro de 2008, descrevia as torturas e maus-tratos extremos que Jigme sofreu aquando da detenção bem como as suas ideias sobre as políticas de destruição Chinesas no Tibete e uma possível solução. Ele depois escondeu-se durante várias semanas antes de voltar para o seu Mosteiro, onde foi detido novamente a 4 de Novembro de 2008. Está detido num local desconhecido em Lanzhou. Há grandes receios acerca da sua saúde após ter suportado graves torturas no princípio deste ano.
Na sua declaração à Voice of America (A Voz da América), Jigme disse:
Muitos de nós apoiamos a abordagem do Caminho do Meio do Dalai Lama e o processo de resolver o assunto do Tibete através de um diálogo pacífico. Mas estamos tristes por sermos extremamente oprimidos actualmente. Hoje, como testemunha da verdade, estou a contar à comunicação social a história dos Tibetanos que foram mortos, dos que sofreram torturas na prisão, e de incontáveis outros que foram forçados a fugir para as montanhas e estão demasiado assustados para voltar para as suas casas, para que a comunicação social possa relatar estas situações. Esta é a minha esperança.
Para mais informação, veja:
- http://www.savetibet.org/news/newsitem.php?id=1388 (relatório pormenorizado com fotografias no hospital)
- http://www.highpeakspureearth.com/2008/09/voa-video-testimony-of-labrang-monk.html
(Vídeo da VOA, com tradução em inglês)
- http://tchrd.org/press/2008/pr20081103b.html (relatório)
Sangye Lhamo, 26 anos, é uma monja no convento de Dragkar no Estado de Kardze, Município Autónomo Tibetano de Kardze, Kham (província de Sichuan). Ela manifestou-se com outras duas religiosas, Tsewang Kando e Yeshi Lhadon, na praça do mercado da cidade de Kardze, gritando palavras de ordem e distribuindo panfletos pedindo a independência do Tibete. Aproximadamente duas horas depois, Rinchen Lhamo, uma estudante, saiu da sua sala de aula durante um intervalo, e apesar da forte presença policial na praça por causa dos anteriores protestos das religiosas, desdobrou uma bandeira Tibetana e gritou palavras de ordem. De acordo com várias fontes, ela foi ferida após polícias terem disparado, antes de ser detida.
Segundo a Campanha Internacional pelo Tibete, monjas Tibetanas tiveram um papel principal no tumulto no município de Kardze em Maio, parte de uma “segunda onda” de protestos que pareceram ser em resposta à dura reacção a anteriores protestos pacíficos e às severas campanhas de “educação patriótica” que coagiam Tibetanos a denunciar o Dalai Lama. Em Junho, mais de 80 monjas tinham sido detidas.
Os riscos que Sangye, Tsewang, Yeshi e Rinchen tomaram foram ainda mais notáveis considerando a repressão que já estava a ter lugar em Kardze naquela altura. Também sublinha a futilidade dos esforços Chineses em aumentar o controlo sobre os Tibetanos forçando-os a denunciar o Dalai Lama.
Sangye Lhamo é do distrito de Serchuteng, estado de Kardze.
Para mais informações, veja:
http://www.savetibet.org/news/newsitem.php?id=1317 (com fotografia)
http://www.savetibet.org/news/newsitem.php?id=1328 (fotografia adicional, fotografia do convento)
http://www.tchrd.org/press/2008/pr20080529.html
Rangjung, 20 e poucos anos, é um jornalista de televisão e escritor do estado de Serthar (Seda), Município Autónomo Tibetano de Kardze (Ganzi), Kham (Sichuan). Rangjung tem vindo a apresentar as notícias no Tibete para a televisão local há vários anos e publicou dois livros sobre a cultura e história Tibetanas. Foi detido na sua casa a 11 de Setembro de 2008 por funcionários da Agência de Segurança Pública, que relataram mais tarde ter retirado um computador da sua casa que continha documentos políticos. A localização de Rangjung e a razão da sua detenção são desconhecidas.
Para mais informações, veja:
- http://www.rfa.org/english/news/tibet/tibetan-09182008080119.html
- http://tchrd.org/press/2008/pr20080924.html
Tenzin Delek Rinpoche (nascido em 1950) é um líder religioso e advogado para Tibetanos de Lithang, Kham (Município Autónomo Tibetano (Ganzi) de Kardze, Sichuan). Durante anos, ele trabalhou para desenvolver as instituições sociais, de saúde, de educação e religiosas para os Tibetanos nómadas na zona, trabalhou como defensor da conservação ambiental face ao abate indiscriminado de árvores e projectos de exploração mineira, como mediador entre Tibetanos e Chineses. Por causa da influência de Tenzin Delek Rinpoche na sua comunidade e os seus esforços para preservar a identidade Tibetana, as autoridades Chinesas viram-no como uma ameaça ao controlo chinês na região. No decurso de uma década, ele foi alvo de um crescente assédio e intimidação pelos oficiais Chineses.
Em Abril de 2002, as autoridades Chinesas de Lithang, Tibete oriental, prenderam Tenzin Delek Rinpoche e o seu parente distante Lobsang Dhondup, um antigo monge. Ambos foram acusados em envolvimento em colocação de bombas e explosões. A 2 de Dezembro de 2002, Lobsang Dhondup foi condenado à morte imediata, e Tenzin Delek Rinpoche foi condenado à morte com uma suspensão de dois anos. Lobsang Dhondup foi executado pouco tempo depois, e após uma intensa pressão internacional, a sentença de Tenzin Delek foi alterada para prisão perpétua a 26 de Janeiro de 2005.
Segundo o Observatório de Direitos Humanos, o caso de Tenzin Delek Rinpoche “foi o culminar de um esforço de uma década por parte das autoridades Chinesas para reprimir os seus esforços para encorajar o Budismo Tibetano, o seu apoio ao Dalai Lama como um líder religioso, e o seu trabalho para desenvolver instituições sociais e culturais Tibetanas. Os seus esforços tornaram-se um ponto principal na luta dos Tibetanos para manter a sua identidade cultural face às políticas restritivas da China e a contínua perseguição de indivíduos tentando impor limites à expressão cultural e social.”
Nas próprias palavras de Tenzin Delek Rinpoche:
Como sou Tibetano, sempre fui sincero e dedicado aos interesses e bem-estar do povo Tibetano. Essa é a verdadeira razão por que os Chineses não gostam de mim e me incriminaram. É por isso que eles vão tirar a minha preciosa vida mesmo estando eu inocente.
- Transcrito da gravação de Tenzin Delek Rinpoche obtida do centro de detenção em Dartsedo, a capital do Município Autónomo Tibetano de Kardze, província de Sichuan, a 20 de Janeiro de 2003. A Rádio Free Asia (Rádio Ásia Livre) recebeu a gravação na manhã seguinte.
Recentemente, fui chamado à Agência de Assuntos Religiosos e Departamento da Frente Trabalhadora Unida... Eles disseram-me, “Não pode ter fotografias do 14.º Dalai Lama, do jovem Panchen Lama, ou fotografias de si próprio.” E eles disseram, “As fotografias são cada vez mais, e mais, e mais, e não pode fazer isso. E não pode ter um título de lama.” Eu respondi que... não precisava do título de lama, não precisava do título de monge, mas precisava dos direitos de um ser humano.
- Declaração de Tenzin Delek Rinpoche, gravado antes de 16 de Junho de 2000, em “Julgamentos de um Monge Tibetano”, Observatório de Direitos Humanos, pág. 70.
Para mais informação, veja:
- http://www.tchrd.org/press/2007/pr20070823.html (actualização de Agosto de 2007)
- http://www.tchrd.org/press/2007/pr20070725.html (actualização de Julho de 2007)
- http://www.hrw.org/en/reports/2004/02/08/trials-tibetan-monk-0 (Relatório exaustivo pelo Observatório de Direitos Humanos)
Runggye Adak, 54 anos, é um Tibetano nómada de Lithang, Kham (Sichuan) que foi detido a 1 de Agosto de 2007 depois de ter invocado o regresso do Dalai Lama ao Tibete. Adak subiu ao palco numa acção do Governo Chinês para a comemoração do 80º aniversário da criação do Exército Popular de Libertação e falou para uma multidão de vários milhares de Tibetanos que se tinham juntado para o festival anual de corridas de cavalos de Lithang. Antes de ser detido, ele também invocou para a libertação do Panchen Lama e Tenzin Delek Rinpoche. Tenzin Delek, um venerado professor de Budismo e líder comunitário também de Lithang, está actualmente a cumprir prisão perpétua por crimes que não cometeu.
Runggye Adak foi mais tarde condenado a oito anos por “provocação para subverter o poder do estado.”. De acordo com a Campanha Internacional pelo Tibete, o sobrinho de Adak, Adak Lupoe, um monge sénior do mosteiro de Lithang, recebeu uma sentença de 10 anos, e o professor de arte e músico Kunkhyen uma de nove anos, ambos por terem tentado fornecer fotografias e informação a ‘organizações estrangeiras’ sendo julgados por ‘pôr em perigo a segurança nacional’. Um quarto Tibetano, Jarib Lothog, foi condenado a três anos ligado ao mesmo caso.
Uma testemunha ocular descreveu o protesto à Campanha Internacional pelo Tibete:
“Aconteceu tudo tão rápido - Runggye Adak simplesmente apareceu no palco e começou a falar. Embora a sua voz não se ouvisse muito longe, porque podem ter desligado o microfone, eu podia ver os Tibetanos a acenar com a cabeça sobre do que ele estava a dizer acerca do Dalai Lama e da liberdade. Algumas pessoas aplaudiam-no. Depois alguns homens foram ao palco, e pareceu-me poderem ser Tibetanos a tentarem ajudá-lo, a tentarem tirá-lo do palco para que ele não tivesse mais problemas. Mas depois chegaram agentes de uniforme e eu consegui vê-los movimentarem-se pela multidão rapidamente em direcção ao palco. Muitos Tibetanos tentaram bloquear-lhes o caminho para evitar que chegassem a Runggye Adak, mas não tiveram hipótese. Bastantes pessoas seguiram-no quando o levaram, e outras pessoas à minha volta estavam a dizer o quão receosas estavam em relação ao seu destino.”
Para mais informação, veja:
- http://www.savetibet.org/news/newsitem.php?id=1160 (muitas fotografias)
- http://www.savetibet.org/news/newsitem.php?id=1186 (fotografias de Kunkhyen e Adak Lupoe)
- http://www.hrw.org/en/news/2007/11/07/china-tibetan-faces-baseless-subversion-charges
- http://www.studentsforafreetibet.org/article.php?id=1115 (Carta aberta do filho e sobrinho de Adak)
- http://www.freetibet.org/campaigns/ucs-080807-scores-tibetans-arrested-lithang
http://www.phayul.com/news/article.aspx?id=17605&article=Official+petition+on+Dalai+Lama+may+have+provoked+Lithang+action&t=1&c=1
No comments:
Post a Comment